Washington pediu ontem ao regime que acabe com esta "guerra de palavras", tendo o porta-voz do Departamento de Estado, Philip Crowley, dito que o que se pretende é "menos linguagem provocadora e mais actos construtivos".
Na noite de sexta-feira para ontem, a agência oficial norte-coreana KCNA citou uma declaração da Comissão de Defesa Nacional segundo a qual Pyongyang estaria preparada para uma represália de carácter atómico.
A chefe da diplomacia norte-americana, Hillary Clinton, defendera horas antes que era necessário que todos aplicassem as sanções das Nações Unidas contra o regime de Kim Jong-il de "forma total e transparente".
Entretanto, as manobras militares de grande envergadura que hoje começam são, de igual modo, para fazer pressão sobre a Coreia do Norte, acusada de ter lançado em Março um torpedo contra a corveta sul-coreana Cheonan, causando a morte de 46 marinheiros. Uma investigação internacional concluiu que aquele vaso de guerra foi afundado por um torpedo norte-coreano, o que é energicamente desmentido por Pyongyang.
"Guerra sagrada"
Já na sexta-feira a Coreia do Norte ameaçara dar uma "resposta física" a todas as represálias anunciadas pelos Estados Unidos. E depois disso foi mais longe, dizendo-se pronta para lançar, em qualquer altura, uma "guerra sagrada retaliatória".
O correspondente da BBC em Seul, John Sudworth, comentou ontem não ter sido a primeira vez que os norte-coreanos fazem tal ameaça, normalmente entendida como uma chantagem diplomática e não como um perigo real. De qualquer modo, a tensão crescente preocupa os diferentes países da região, acrescentou o jornalista.
A China tem vindo a a aconselhar os Estados Unidos e a Coreia do Sul a procederem com muito cuidado, pois não quer que o clima se deteriore ainda mais. Tem havido manifestações, da parte de Pequim, de um grande desagrado face a estas manobras a leste da península coreana.
A verdadeira preocupação da China, segundo Sudworth, é que a Coreia do Norte já se encontra muito isolada, receando-se que demasiada pressão possa mesmo fazer com que o regime leve à prática algumas das ameaças que tem vindo a lançar e que o Ocidente parece não estar a levar muito a sério.
As relações entre as duas Coreias, que de 1950 a 1953 estiveram em guerra, mergulharam nos últimos meses ao seu mais baixo nível desde há anos, mas mesmo assim a maior parte dos analistas não quer acreditar que qualquer das partes avance deliberadamente para um novo conflito em larga escala.
Há 60 anos, a Coreia do Norte contou com o apoio da China e da União Soviética, enquanto ao lado de Seul participaram os Estados Unidos e o Reino Unido, entre outros, mobilizados por uma resolução das Nações Unidas.
As duas partes coreanas nunca chegaram a assinar um tratado formal de paz que acabasse com o conflito de grande envergadura verificado na década de 1950 e que causou alguns milhões de mortos, entre militares e civis. Apenas concordaram com um armistício.
Por isso mesmo, mantêm centenas de milhares de homens e mulheres armados de cada um dos lados da chamada zona desmilitarizada que as separa. Na semana passada, a região fronteiriça foi visitada tanto por Clinton como pelo secretário norte-americano da Defesa, Robert Gates, como mais um sinal de aviso de que Washington mantém uma forte aliança com Seul.
A Coréia do Norte está equipada para atacar os Estados Unidos?
No dia 11 de outubro de 2006, a Coréia do Norte, que recentemente desenvolveu capacidade nuclear, levou sua retórica para um nível mais alto quando ameaçou atacar os Estados Unidos, que a estavam "amolando" desde que ela se declarou membro do clube ao realizar um teste nuclear que abalou o mundo inteiro. Os oficiais da Coréia do Norte estão exigindo uma reunião cara a cara com os Estados Unidos, mas eles se recusam. Ao contrário, os Estados Unidos insistem em conversas multilaterais e prevêem duras medidas repressivas se a Coréia do Norte não cooperar. E a Coréia do Norte prometeu lançar um míssil nuclear se os Estados Unidos não fizerem alguma coisa para resolver o impasse. Será, porém, que a Coréia do Norte possui os recursos para cumprir suas ameaças contra os Estados Unidos?
Na verdade, não. E, de certo modo, sim.
Na verdade, não existe evidência de que a Coréia do Norte tenha armas nucleares, apenas que possui um dispositivo nuclear. Um dispositivo capaz de realizar uma explosão nuclear é uma coisa, mas enviar essa "bomba" para um alvo específico por meio de um míssil já é uma outra história. A maioria dos especialistas acredita que a Coréia do Norte ainda não desenvolveu a tecnologia para usar sua capacidade nuclear como uma arma. Supostamente, ela poderia usar o dispositivo como uma arma jogando-o de um avião, mas os aviões são fáceis de serem abatidos antes que consigam chegar perto do alvo. A capacidade da Coréia do Norte de diminuir seu dispositivo nuclear a ponto de deixá-lo do tamanho necessário para que caiba em um míssil está praticamente fora de questão no momento.
Mesmo que a Coréia do Norte possa usar sua tecnologia nuclear como uma arma e consiga colocar uma ogiva nuclear em um míssil, a ameaça ao território norte-americano é praticamente mínima agora. A Coréia do Norte tem mísseis de longo alcance teoricamente capazes de chegar aos Estados Unidos, mas o teste dessa tecnologia no verão de 2006 foi um completo fracasso. O país lançou um míssil balístico intercontinental em direção aos estados norte-americanos do Pacífico, mas ele explodiu 40 segundos depois de ser lançado. Não se sabe ao certo se ele ia em direção ao Alasca ou ao Havaí.
Está bem claro, contudo, quem está em risco: os EUA são aliados do Japão e da Coréia do Sul. Embora existam dúvidas a respeito de os mísseis de longo alcance da Coréia do Norte poderem chegar aos Estados Unidos, sabe-se com certeza que seus mísseis de curto alcance podem atingir seus vizinhos, e os dois são bastante amigos dos Estados Unidos. O Japão e a Coréia do Sul são os alvos das ameaças da Coréia do Norte de tomar "medidas físicas" contra os Estados Unidos, sejam essas medidas convencionais ou nucleares. O exército dos Estados Unidos tem grandes instalações nesses dois países, e os analistas prevêem que um ataque nuclear contra Hong Kong poderia enfraquecer o comércio internacional dos EUA. E também existe um problema que realmente preocupa Washington: a Coréia do Norte vende suas armas para consumidores que não são aliados dos Estados Unidos. Até mesmo a menor bomba nuclear poderia provocar conseqüências desastrosas se caísse em mãos erradas. Uma das sanções que os Estados Unidos estão baixando como uma resposta ao programa nuclear da Coréia do Norte é um embargo total de suas importações e exportações.
Em resposta à ameaça contra os aliados e os interesses dos EUA, o exército norte-americano está constantemente aumentando suas forças no Pacífico. Esse posicionamento estratégico ficou bem mais complicado graças aos outros conflitos em que os EUA já estão envolvidos (Afeganistão e Iraque), e construir uma força para lidar com a ameaça da Coréia do Norte pode se tornar uma tarefa digna de Hércules. Tecnologias essenciais como os sistemas aéreos não tripulados Predator estão em falta e já estão sendo usadas em outras partes do mundo, e os Estados Unidos não têm muitas tropas para posicionar no Pacífico. Os militares americanos já têm bombardeiros da Força Aérea, porta-aviões, aviões de caça, instalações de mísseis Patriot e submarinos nucleares posicionados na área, mas fornecer tropas para um conflito de verdade pode significar esgotar os recursos de outras frentes e mais tempo de serviço para tropas que já estão atuando no Iraque ou no Afeganistão.
Mesmo que existam dúvidas em relação aos verdadeiros recursos nucleares da Coréia do Norte e apesar do arsenal de armamentos de alta tecnologia posicionado bem próximo dela, o território dos EUA não está completamente seguro. Especialistas dizem que, a menos que a Coréia do Norte seja persuadida a se desfazer do seu arsenal nuclear ou algum outro país o destrua, ela será capaz de atacar os Estados Unidos com um míssil nuclear dentro de 10 anos.
fonte:por Julia Layton - traduzido por HowStuffWorks Brasil Armas de Guerra
Na verdade, não. E, de certo modo, sim.
Na verdade, não existe evidência de que a Coréia do Norte tenha armas nucleares, apenas que possui um dispositivo nuclear. Um dispositivo capaz de realizar uma explosão nuclear é uma coisa, mas enviar essa "bomba" para um alvo específico por meio de um míssil já é uma outra história. A maioria dos especialistas acredita que a Coréia do Norte ainda não desenvolveu a tecnologia para usar sua capacidade nuclear como uma arma. Supostamente, ela poderia usar o dispositivo como uma arma jogando-o de um avião, mas os aviões são fáceis de serem abatidos antes que consigam chegar perto do alvo. A capacidade da Coréia do Norte de diminuir seu dispositivo nuclear a ponto de deixá-lo do tamanho necessário para que caiba em um míssil está praticamente fora de questão no momento.
Mesmo que a Coréia do Norte possa usar sua tecnologia nuclear como uma arma e consiga colocar uma ogiva nuclear em um míssil, a ameaça ao território norte-americano é praticamente mínima agora. A Coréia do Norte tem mísseis de longo alcance teoricamente capazes de chegar aos Estados Unidos, mas o teste dessa tecnologia no verão de 2006 foi um completo fracasso. O país lançou um míssil balístico intercontinental em direção aos estados norte-americanos do Pacífico, mas ele explodiu 40 segundos depois de ser lançado. Não se sabe ao certo se ele ia em direção ao Alasca ou ao Havaí.
Está bem claro, contudo, quem está em risco: os EUA são aliados do Japão e da Coréia do Sul. Embora existam dúvidas a respeito de os mísseis de longo alcance da Coréia do Norte poderem chegar aos Estados Unidos, sabe-se com certeza que seus mísseis de curto alcance podem atingir seus vizinhos, e os dois são bastante amigos dos Estados Unidos. O Japão e a Coréia do Sul são os alvos das ameaças da Coréia do Norte de tomar "medidas físicas" contra os Estados Unidos, sejam essas medidas convencionais ou nucleares. O exército dos Estados Unidos tem grandes instalações nesses dois países, e os analistas prevêem que um ataque nuclear contra Hong Kong poderia enfraquecer o comércio internacional dos EUA. E também existe um problema que realmente preocupa Washington: a Coréia do Norte vende suas armas para consumidores que não são aliados dos Estados Unidos. Até mesmo a menor bomba nuclear poderia provocar conseqüências desastrosas se caísse em mãos erradas. Uma das sanções que os Estados Unidos estão baixando como uma resposta ao programa nuclear da Coréia do Norte é um embargo total de suas importações e exportações.
Em resposta à ameaça contra os aliados e os interesses dos EUA, o exército norte-americano está constantemente aumentando suas forças no Pacífico. Esse posicionamento estratégico ficou bem mais complicado graças aos outros conflitos em que os EUA já estão envolvidos (Afeganistão e Iraque), e construir uma força para lidar com a ameaça da Coréia do Norte pode se tornar uma tarefa digna de Hércules. Tecnologias essenciais como os sistemas aéreos não tripulados Predator estão em falta e já estão sendo usadas em outras partes do mundo, e os Estados Unidos não têm muitas tropas para posicionar no Pacífico. Os militares americanos já têm bombardeiros da Força Aérea, porta-aviões, aviões de caça, instalações de mísseis Patriot e submarinos nucleares posicionados na área, mas fornecer tropas para um conflito de verdade pode significar esgotar os recursos de outras frentes e mais tempo de serviço para tropas que já estão atuando no Iraque ou no Afeganistão.
Mesmo que existam dúvidas em relação aos verdadeiros recursos nucleares da Coréia do Norte e apesar do arsenal de armamentos de alta tecnologia posicionado bem próximo dela, o território dos EUA não está completamente seguro. Especialistas dizem que, a menos que a Coréia do Norte seja persuadida a se desfazer do seu arsenal nuclear ou algum outro país o destrua, ela será capaz de atacar os Estados Unidos com um míssil nuclear dentro de 10 anos.
fonte:por Julia Layton - traduzido por HowStuffWorks Brasil