CÂNTIGO DAS CRIATURAS
Louvado seja Deus na natureza,
Mãe gloriosa e bela da Beleza,
E com todas as suas criaturas;
Pelo irmão Sol, o mais bondoso
E glorioso irmão pelas alturas,
O verdadeiro, o belo, que ilumina
Criando a pura glória - a luz do dia!
Louvado seja pelas irmãs Estrelas,
Pela irmã Lua que derrama o luar,
Belas, claras irmãs silenciosas
E luminosas, suspensas no ar.
Louvado seja pela irmã Nuvem que há-de
Dar-nos a fina chuva que consola;
Pelo Céu azul e pela Tempestade;
Pelo irmão Vento, que rebrama e rola.
Louvado seja pela preciosa,
Bondosa água, irmã útil e bela,
Que brota humilde. É casta e se oferece
A todo o que apetece o gosto dela.
Louvado seja pela maravilha
Que rebrilha no Lume, o irmão ardente,
Tão forte, que amanhece a noite escura,
E tão amável, que alumia a gente.
Louvado seja pelos seus amores,
Pela irmã madre Terra e seus primores,
Que nos ampara e oferta seus produtos,
Árvores, frutos, ervas, pão e flores.
Louvado seja pelos que passaram
Os tormentos do mundo dolorosos,
E, contentes, sorrindo, perdoaram;
Pela alegria dos que trabalham,
Pela morte serena dos bondosos.
Louvado seja Deus na mãe querida,
A natureza que fez bela e forte:
Louvado seja pela irmã Vida
Louvado seja pela irmã Morte.
Amém
O que temer? Nada.
A quem temer? Ninguém.
Por que?
Porque aqueles que se unem a Deus
obtém três grandes previlégios:
onipotência sem poder;
embriaguez, sem vinho e
vida sem morte.
São Francisco de Assis
“Creio na verdade fundamental de todas as grandes religiões do mundo. Creio que são todas concedidas por Deus e creio que eram necessárias para os povos a quem essas religiões foram reveladas. E creio que se pudéssemos todos ler as escrituras das diferentes fés, sob o ponto de vista de seus respectivos seguidores, haveríamos de descobrir que, no fundo, foram todas a mesma coisa e sempre úteis umas às outras."
“As religiões são caminhos diferentes convergindo para o mesmo ponto. Que importância faz se seguimos por caminhos diferentes, desde que alcancemos o mesmo objetivo?” Mahatma Gandhi
"Se não te tomares como Deus, não poderás conhecê-Lo, pois o semelhante é conhecido pelo semelhante. Transporta-te para além de tudo que é corpóreo, e expande-te àquela grandeza que está além de qualquer medida.. Torna-te mais elevado que todas as alturas, mais baixo que todas as profundezas, reúne em ti todas as qualidades de todas as criaturas, do fogo e da água, do seco e do úmido..."
Vestido com seu próprio poder o homem ascende à natureza da oitava esfera e finalmente ao Pai. Tornando-se ele mesmo um poder, está em Deus.
"O Criador está em todas as coisas; Ele não está estabelecido em um só lugar, nem faz Ele apenas uma coisa, mas cria todas. Sendo poder, Ele está ativo nas coisas que cria e não independente delas, entretanto, tudo que se faz está sujeito a Deus".
"Verdadeiro, sem falsidade, certo e mais do que real, aquilo que está embaixo (ou inferior) é como aquilo que está em cima (ou superior), e o que está em cima é como o que está embaixo para cumprir as maravilhas de uma coisa. Assim como todas as coisas são criadas (ou restauradas) de uma coisa, pela vontade e comando (ou pela meditação) do único que a criou, assim todas as coisas são nascidas (ou provêm) desta única coisa por prescrição e união (ou adaptação). Seu pai é o Sol, sua mãe a Lua, o vento a carrega em seu ventre, sua ama é a Terra. Este é o pai da perfeição em todo este mundo. Seu poder é perfeito quando transformado em terra; por isto, deves separar a terra do fogo, e o sutil do rude e grosseiro, mas com amor, com grande compreensão e discernimento. Ela sobe da terra ao céu e do céu vem novamente à terra e de novo recebe o poder do Em Cima e do Embaixo. Deste modo, terás o esplendor de todo o mundo.
Toda falta de compreensão e de capacidade te abandonará. Este é o maior de todos os poderes, pois pode sobrepujar toda a sutileza e pode penetrar tudo que é sólido. Assim foi criado o mundo. Assim se originaram raras combinações e maravilhas são forjadas; esta é a maneira de agir."
HERMES TRISMEGISTUS
No princípio, o TUDO era NADA.
A única energia existente era nossa Deusa, que vagava pelo vazio, solitária em sua sabedoria infinita. Corria pelo infinito do NADA, sem tempo, sem razão, até encarar-se no espelho formado por sua vontade única de existência, um espelho que refletia apenas essa existência, e apaixonar-se pelo que descobriu. No espelho, nossa Senhora viu sua parcela masculina, existente mesmo antes do tempo ser tempo e do TUDO ser criado, a parcela que já existia dentro de si mesma.
E Ela o amou!
Desse amor, gerado espontaneamente, o maior de todos os amores, o amor que todos devemos ter por nossa essência divina, nasceu nosso Senhor, o Deus. Parcela masculina do TUDO, necessária a toda a criação. O amor verdadeiro, chamado por muitos de Ágape, nasceu entre ambos instantaneamente e desse amor o TUDO é criado.
Primeiro, da união física de nosso Senhor e de nossa Senhora, da junção de seus corpos frenéticos explode o FOGO, primeiro dos elementos formadores da existência, o verdadeiro FOGO da paixão. E com o FOGO surge a LUZ. E com a LUZ, o CALOR, uma das características doadoras de toda a vida.
Assim como o Deus e a Deusa, masculino e feminino, a escuridão inicial e a luz explosiva, dos fluidos que emanaram de seus corpos excitados pelo FOGO, nasce o contraponto. Surge então o elemento ÁGUA. Pois na criação, tudo há de ter sua parcela contrária. E a ÁGUA era o contrário do FOGO. ÁGUA, doadora de vida, necessária, fluida, fresca.
Como o FOGO e a ÁGUA eram incompatíveis, mesmo em sua forma mais etérea, dotados de propriedades contrárias, eram os antagônicos. Do suspiro dos amantes, exalado no êxtase do descobrimento, nasce o AR. O AR, elemento mediador entre o FOGO e a ÁGUA, possuindo características de ambos os elementos antagônicos. O AR toma então seu espaço, separando sutilmente FOGO e ÁGUA, ganhando do primeiro o calor e de sua contraparte, a umidade.
Os corpos de nossos criadores se estremeceram no ápice do amor e liberaram a energia material que, misturando-se aos três elementos iniciais, formou o elemento TERRA. Com a TERRA, tudo o que antes era etéreo, impalpável, inodoro, incolor, toda a criação tornou-se sólida. A TERRA, por ter sido criada a partir de energia do êxtase, em conjunto com os três elementos principais, tornou-se o quarto elemento. Suas características eram o agregado de todos os elementos anteriores e mais, com sua característica principal, que dotava o TUDO de peso e matéria.
Nosso Senhor e nossa Senhora assim unidos tornaram-se o quinto elemento, o verdadeiro ESPÍRITO e, admirando-se de toda sua criação sonharam com o espaço, os planetas, as estrelas, o UNIVERSO. Em meio ao sonho UNIVERSAL, encontrava-se nosso Planeta, a TERRA. Graças às suas cores vibrantes, nossos Deuses voltaram sua atenção para esse grão perdido no Universo e nele começaram a brincar. Num primeiro momento, nossa Deusa se ocupava dos Céus e dos Mares, enquanto nosso Deus preocupava-se com a terra, sua vegetação, seus animais.
O planeta tomava forma, mas ainda faltava-lhe o espírito. Para abrigar o espírito, parte viva mais sutil de nossos Deuses, fomos criados. Os seres humanos, feitos à imagem de nosso Deus e de nossa Deusa, pois se assim como é em “cima”, será “em baixo”. Nasciam de forma perfeita os antagônicos complementares, o feminino e masculino, contendo dentro de si, não em carne, mas em espírito, a energia dos Deuses, energia essa também com sua parcela masculina e feminina indivisíveis.
E os Deuses sorriram diante de sua criação. Estavam exaustos pelo trabalho do descobrimento e do amor por tudo que agora existia.
Então, os amantes divinos dotaram os seres humanos de uma fagulha de inteligência e de seu livre arbítrio, seu direito à escolha própria. E assim como pais que têm a certeza da criação de seus filhos, tranqüilos se puseram a descansar. Fechando seus olhos, abraçados em puro amor, nossos Deuses continuam a descansar.
Adaptação do Mito da criação pela tradição O’Reilly.
WICCA A BRUXARIA SAI DAS SOMBRAS - MARCOS TORRIGO