Uma História de Amor Moderna: A Versão Curta - Sexo no Cativeiro - Esther Perel
"Você conhece alguém por uma forte alquimia de atração. É uma reação doce e é sempre uma surpresa. Você fica se achando com possibilidades, esperançoso, sentindo-se acima das coisas banais e entrando num mundo de emoção e paixão. O amor o agarra e você se sente poderoso. Se anima com o barato e não quer que acabe.
Mas também tem medo. Quanto mais Você se apega, mais tem a perder. Então parte para tornar o amor mais seguro. Procura prendê- lo, torná-lo confiável. Você assume seus primeiros compromissos e alegremente abre mão de um pouco de sua liberdade em troca de um pouco de estabilidade. Cria conforto através de artifícios — hábito, rituais, nomes de bichos de estimação —que dão tranqüilidade. Mas a emoção estava ligada a uma certa dose de insegurança. A sua excitação decorria da incerteza, e agora, ao procurar dominá-la, você acaba fazendo a vivacidade se esvair da relação. Você gosta do conforto, mas reclama que se sente constrangido. Sente falta da espontaneidade. Tentando controlar os riscos da paixão, você acabou com ela. Nasce o tédio conjugai. Embora prometa aliviar nossa solidão, o amor também aumenta nossa dependência de uma pessoa.
É intrinsecamente vulnerável. Somos propensos a acalmar nossas ansiedades através do controle. Sentimo-nos mais seguros se diminuímos a distância que há entre nós, maximizamos a certeza, minimizamos as ameaças e refreamos o desconhecido. Mas alguns se defendem das incertezas do amor com tal zelo que se isolam de suas riquezas.
Existe uma forte tendência nas ligações de longo prazo a valorizar mais o previsível. Mas o erotismo gosta do imprevisível. O desejo entra em conflito com o hábito e a repetição. É indisciplinado, e desafia nossas tentativas de controle. Então onde ficamos? Não queremos jogar fora a segurança porque nossa relação depende dela. Uma sensação de segurança física e emocional é fundamental para um prazer e uma ligação saudáveis. Mas sem um componente de incerteza não há desejo, não há expectativa, não há frisson.
O especialista em motivação Anthony Robbins resumiu a questão quando explicou que a paixão numa relação é proporcional ao grau de incerteza que você pode tolerar."
Do livro
Sexo no Cativeiro
de Esther Perel